Ser tora ou parecer tora?



 Antes de mais nada, temos que definir o que é tora, porque tem gente que não vai saber entender o que eu vou escrever neste post.

Tora é tora, ou torástico, phodônico, brabeza, muito bala, phodástico, mega over power.

E todo jogador de RPG quer que seu personagem fique tora, mas como um personagem fica tora em níveis baixos? A resposta é: não fica! A menos que o mestre seja um doido desregrado ou queira provar algo a si mesmo. Tá legal, eu estou generalizando e tudo mais, mas é preciso para conseguir audiência, sabe como é.

Personagens em níveis baixos estão iniciando suas aventuras e conquistas, se acostumando com seus primeiros talentos e equipamentos básicos. Seus pontos de vida são baixos, seus ataques fracos, danos pequenos, atributos baixos, mas sua vontade é grande. Muitos, em seu âmbito de conseguir poder, gostam muito de parecer mais do que realmente são.

Muitos mestres [eu inclusive] têm um costume de trazer aos jogadores desafios cada vez mais difíceis para serem superados, em uma espécie de régua de progressão. Isso leva a formação de um histórico de conquistas duras e muitas surras pelo caminho. Eu ainda agravo a situação por não respeitar aquela regrinha de nível de desafio, tipo, 4 sujeitos de nível 1 para enfrentar um oponente de nível 1 [para igualar as NDs], exigindo 25% das habilidades e poderio do personagem. Eu já jogo diferente, lançando para a mesa uma ND 12 para um grupo de 4 de nível médio 10. Exijo bastante dos personagens, puxo as rédeas, dificulto as coisas, faço o grupo se superar a cada minuto. Como diria meu amigo Shun: “Bate até amaciar a carne”.

Quando os níveis vêm chegando, os personagens estão realmente calejados e experientes, mas a sensação que eu percebo que os jogadores adquirem é a de estarem sempre em situações desfavoráveis e serem sempre “os mais fracos”. Certa vez, um dos jogadores veio até mim [outgame] e perguntou se eu não ia fazer algo para os personagens ficarem fortes, porque já estavam em 12º nível e eram fracos demais. Ora, eles tinham equipamentos de primeira, grana de sobra, armamentos mágicos, armaduras mágicas, itens, artefatos e mais todos os benefícios das classes e dos níveis. Como fazer um jogador entender que a progressão de seu personagem vem exatamente de superar desafios maiores que ele?

Para responder essa questão eu fui bem simplório: ”Vai até uma taverna e dobra a mão na cara do primeiro cidadão e veja quantos você derruba antes de cair. Ai você vai ver se você está fraco ou não”. E ele fez, e saiu praticamente sem nenhum ferimento.

Geralmente os mestres apresentam os NPCs ou os desafios como personagens de destaque, por sua roupa, respeito na região onde residem, itens e tudo mais que vocês estão acostumados a ver. Mas o grupo, geralmente, não tem esse destaque, chega sujo à taverna, dorme mal em acampamentos, apresentam cicatrizes e as roupas e armaduras sempre estão em frangalhos. O mais engraçado é que a maioria dos NPCs que aparentam ser “tora” são derrotados pelos PJs, então, aparência não é tudo.

Ilustrando isso, lembro-me de uma aventura que joguei, das pouquíssimas que joguei, onde o mestre [Calangão Sem Braço] deu ao meu personagem [guerreiro] e ao companheiro dele [ladino] um grupo de armas épicas, que destruíam castelos com um golpe, devastavam florestas em um movimento, explodiam pedras a um leve toque, e tudo isso para dois personagens de nível 1. Em toda campanha, nós não usamos as armas em momento algum, em nenhuma batalha ou briga [e foram muitas], até que um novo jogador veio à mesa [mago] e percebeu que tínhamos armamentos extremamente poderosos, o que atiçou uma incrível curiosidade e cobiça desse conjurador. Mas ele também percebeu que não usávamos as armas, e sempre brigávamos por um baralho. Ele concluiu que se as armas eram tão poderosas e nós as ignorávamos, o baralho devia ser incrivelmente tora, pra ser motivo de uma disputa que chegava a ser violenta às vezes.

O mago por vezes tentou pegar, olhar ou surrupiar o baralho e o jogo acabou acabando. Daí o jogador [mago] veio nos perguntar o que tinha de tão importante no baralho. Nossa resposta foi: Nada! O baralho não tinha nada de importante, era um baralho que foi alvo de uma aposta, e ter o baralho era sinal de ter ganhado a aposta.

O que eu quis dizer com essa anedota é que o que deixa um personagem tora não são somente seus itens, armaduras enfeitadas ou seu nível, mas a interpretação, os trejeitos e o histórico dos personagens. Claro que um bardo ajuda na hora de espalhar as notícias.




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Comentários

  1. Caramba... nunca tinha parado pra pensar, mas em 90% dos casos na mesa do vermelho, parece que sempre somos fracos (principalmente eu que conheço pouco do mundo e dos monstros por aí).

    ehehe essaê. Sempre deixa o jogo emocionante !

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  2. como eu falei, sempre coloco desafios acima do nivel do grupo... rs... [judiacao?]

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  3. acho que e complexo de jogador, rsrs, muito jogador ai acha que sempre esta fraco mesmo com item magico poderoso.

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  4. O bacana do jogo é que pro mestre ele sempre pode pegar um monstro ou situação nível 1, com jogadores nível alto e pela complexidade da situação, os jogadores levarem uma surra daquelas! Agora, nós jogadores, pelo menos eu, acho bacana ter ítens e tal, mas acho melhor ainda é quando com uma estratégia daquelas surpreender o mestre, os outros jogadores e até eu [fui eu mesmo que fiz isso?].

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