Óia a Porva!!!! ... ou Pólvora para D&D (armas e magia)



Senhoras e senhores, Jogadores, Mestres e RPGístas em geral. Depois que escrevi o texto sobre golens [It’s Alive!!! 2 – A missão], fiquei curioso quanto ao uso da pólvora em campanhas de RPG e me lembrei que nunca usei este item em nenhuma de minhas histórias. Na verdade, usei algo semelhante, um produto advindo de um erro de um alquimista, que causava mais prejuízo do que auxílio para os jogadores [no final da postagem eu coloco este item só para vocês sentirem o drama].

O D&D traz algumas informações sobre pólvora no Livro do Mestre (3.0 e 3.5) mas eu não vou usar nenhuma referência destes livros neste texto. O material apresentado a partir de agora se destina a campanhas dedicadas a cenários tecnológicos pré e pós-renascentista.

O mestre deve tomar bastante cuidado com a tecnologia empregada nas campanhas para que não existam discrepâncias no correr do jogo, como por exemplo, uma sociedade pouco desenvolvida, que começou agora a forjar seus itens em cobre, não terá equipamentos e armamentos que se comparem aos possuídos por sociedades que trabalhem o aço ou o mitral. Exemplificando, seria ilógico uma espada curta de bronze dar o mesmo dano de uma espada curta de aço. Discrepâncias a parte, vamos ao assunto da pauta de hoje.

A Pólvora na Campanha

Não se sabe ao certo quem descobriu a pólvora, mas antigos pergaminhos encontrados em templos de outras eras indicavam que existia um material altamente explosivo, feito a partir do enxofre e fósforo, que queimava ao contato com o ar ou a mais simples fricção. Alquimistas estudaram estes materiais, imaginando que sua facilidade de queimar explicaria o fogo que mantém a temperatura dos corpos de todos os animais de sangue quente.

Esse composto explosivo foi estudado e modificado, testado e evoluído, buscando incorporá-lo na composição do Elixir da Longa Vida com a responsabilidade de deixar o sangue quente pela eternidade. Mas, todos os esforços foram em vão, e o produto resultante de tantos estudos foi um pó preto, seco e granulado que queimava rapidamente em contato com fogo e explodia ao impacto ou em altas temperaturas. Este pó foi chamado de pólvora.

O uso da pólvora foi evitado devido ao perigo que representava seu manuseio, mas este potencial explosivo foi imprescindível para sua aplicação militar.

Do que é feita a pólvora?

A pólvora negra é um composto formado de Salitre, Carvão e Enxofre, misturados em uma proporção específica [é claro que eu não vou ensinar como fabricar pólvora, depois vai que um doido se queima ai e ainda me processa]. Seus componentes podem ser encontrados na natureza e sua mistura é relativamente fácil. Seus componentes, contudo, são mais difíceis de serem conseguidos.

O salitre é um sal encontrado em terrenos secos de regiões rochosas ou misturado em areia de rios, lagos e charcos onde exista muito acúmulo de matéria orgânica em decomposição. Sua separação exige processos físicos de separação de materiais [Alquimia CD 15]. O Carvão, vegetal, pode ser produzido na queima de madeiras virgens ou lenha. O enxofre pode ser adquirido por processos alquímicos [Alquimia CD 25], que extraem o produto de outros componentes, ou conseguido em regiões vulcânicas.

Para se produzir a pólvora, em jogo, é preciso utensílios de Alquimia, como potes pequenos, moendas, pilões pequenos, e frascos, em um processo que dura duas horas por quilo produzido. Não é necessário um laboratório elaborado para sua fabricação. Segue, agora, a proporção de materiais para fabricação [que não tem nada a ver com o processo normal]:

800 gramas de Salitre;
350 gramas de Carvão;
200 gramas de Enxofre.
Produzem 1 quilo de pólvora [A conta está certa mesmo]. Após a produção, o material deverá ser peneirado e separado em grãos. Os muito finos e os muito grossos serão descartados. Em toda produção, cerca de 25% do material será desperdiçado.

No mercado, pode-se considerar que 1 kg de pólvora custa 30PO para venda e sua produção custa metade deste valor.

Como é usada a pólvora?

Basicamente podemos separar seu uso em três vertentes principais: magias, combate e pirotecnia.

Pólvora na composição de magias

A pólvora pode ser usada para substituir componentes mágicos, de acordo com seu preço de mercado, facilitando para o mago a aquisição e transporte de componentes. Mas para isso, é necessário um novo talento:

Usar Pólvora [Metamágico]
Permite conjuradores substituir componentes materiais, de qualquer natureza, por pólvora, na quantidade de 50 gramas.
Pré-requisito: 3º nível de conjurador.
Benefício: o personagem pode substituir qualquer componente material por um bocado de pólvora (50 gramas), lançado e queimado no momento da conjuração da magia. Substituir componentes com valores superiores a 1 PO implica no gasto de XP equivalente a 1/10 do valor dos componentes utilizados.

Usar Pólvora Superior [Metamágico]
Pré-requisito: Usar Pólvora [Metamágico]
Benefício: usando dois bocados de pólvora (100 gramas), reduz-se o custo de XP para a conjuração de magias pela metade, ou seja, o custo em XP gastos para lançar magias com componentes com valor superior a 1PO passa a valer 1/20 do valor total dos componentes exigidos pelas magias.

Pólvora no combate

No combate, a pólvora é usada em armas de fogo (projéteis) e bombas, tabeladas a seguir:

Pistola simples (perfurante) – 2d4 dano – Velocidade 4
Preço: 300PO
Carga: 1 tiro (esfera de chumbo)
Quantidade de pólvora para carga: 25 gramas.
Decisivo: x3
Incremento de distância: 9 metros
Peso: 1 quilo

Mosquete (perfurante) – 2d6 dano – Velocidade 3
Preço: 500PO
Carga: 2 tiros (esfera de chumbo)
Quantidade de pólvora para carga: 50 gramas.
Decisivo: x3
Incremento de distância: 18 metros
Peso: 5 quilos

Flechas explosivas (contato) – 1d6 adicional de fogo – penalidade de -1 na velocidade do arco ou besta
Preço: 1 PP por flecha adaptada
Quantidade de pólvora: 20 gramas
Incremento de distância: reduzido em 3 metros
CD [Ofícios] 15 para fabricação.

Bomba de fumaça (fumaça) – 6 metros de diâmetro – velocidade 4
Preço: 75 PO
Quantidade de pólvora: 300 gramas
Incremento de distância: 6 metros
CD [Ofícios] 18 para fabricação.

Bomba incendiária (explosão) – cubo 3 metros – 2d6 dano por fogo – velocidade 4
Preço: 100 PO
Quantidade de pólvora: 350 gramas
Incremento de distância: 6 metros
CD [Ofícios] 20 para fabricação.



Canhão pequeno (explosão) – 2d10 dano – Velocidade -3
Preço: 5.500PO
Carga: 1 tiros (esfera de chumbo 20 centímetros de diâmetro)
Quantidade de pólvora para carga: 750 gramas.
Decisivo: x4
Incremento de distância: 30 metros
Peso: 250 quilos

Canhão grande (explosão) – 6d10 + 20 dano – Velocidade -10
Preço: 35.500PO
Carga: 1 tiros (esfera de chumbo 30 centímetros de diâmetro)
Quantidade de pólvora para carga: 2 quilos
Decisivo: x4
Incremento de distância: 120 metros
Peso: 1.000 quilos

As armas de fogo são armas de Arremesso [projéteis à distância] e são consideradas como Armas Exóticas, implicando na penalidade de -4 no manuseio por quem não possui o talento específico.

Algumas considerações:
1 – Armas de fogo são extremamente perigosas, então, falhas críticas [confirmadas ou não, dependendo de seu mestre] implicam na explosão da arma, provocando dano no portador da arma.
2 – Existe 1% de chance da arma não funcionar em todos os ataques.
3 – As armas baseadas em pólvora não podem estar molhadas ou úmidas e devem ser limpas e desmontadas a cada 48 horas para evitar ferrugens e travamentos. Não limpar a arma aumenta em 5% (cumulativos a cada 2 dias) a chance dela falhar ou explodir.
4 – Carregar uma arma de fogo manual equivale a uma ação de rodada completa. Carregar canhões demora 2 rodadas para os pequenos e 5 rodadas para os grandes.

Pólvora na Pirotecnia

Este uso está mais relacionado às narrativas e aos NPC’s do que propriamente aos jogadores. O uso de pirotecnias está relacionado ao uso de fogos de artifício e rojões que funcionam como entretenimento. Se o mestre for mal intencionado, ele deverá olhar a lista abaixo:

Foguete de artifício (explosão colorida) – cubo 3 metros – 1d6 de dano – velocidade -2
Preço: 25 PO
Quantidade de pólvora: 500 gramas
Incremento de distância: 30 metros (vertical); 120 metros (inclinação 45º)
CD [Ofícios] 25 para fabricação.

Rojão (explosão sonora) – cubo 3 metros – 1d4 dano por som – velocidade -2
Preço: 10 PO
Quantidade de pólvora: 350 gramas
Incremento de distância: 30 metros (vertical); 120 metros (inclinação 45º)
CD [Ofícios] 20 para fabricação.


O Pó Verde

Como eu disse no início do tópico, eu iria falar sobre um item que surgiu nos meus primeiros jogos quando um alquimista errou em seus testes de fabricar pólvora. Ele acabou criando a mais destrutiva composição química do cenário, um pó esverdeado à base de salitre, carvão, fósforo e mais um monte de coisa. A diferença entre este pó e a pólvora era que o Pó Verde era tão inflamável, tão perigoso, que qualquer impacto poderia incendiá-lo instantaneamente.

O Pó Verde era ensacado em pacotinhos de linhaça costurado com tira fina de couro, com 150 gramas cada, e, arremessado com a mão ou flecha, causavam dano de 3d8 por fogo. Qualquer temperatura superior a 50 graus teria 50% de chance de incinerar o pó verde [detalhe, o mago que inventou isso andava com 60 kg guardados em barris no lombo de um burrico, o grupo sempre andava 200 metros atrás dele heheh].

Para sua campanha, o pó esverdeado pode ser usado como um subproduto, resultado da falha na produção da pólvora negra, ou por uso de materiais de qualidade inferior. Caso o Alquimista falhe no teste de produção de pólvora, existirá 5% de chance de produzir, involuntariamente, o pó verde.

Mesmo sendo perigoso, um pacotinho de Pó Verde pode ser muito interessante. DETALHE: não se pode usar pó verde em armas de fogo. Substituir a pólvora por este material provoca explosão e destruição da arma, além do dano no portador do armamento.
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