Divindades com nível? Eu hein!! ... Comentários sobre Panteão.




Saudações RPGístas, primeiramente eu devo explicar que estou meio afastado do computador, por isso diminuí o ritmo das postagens, mas em breve retomarei a meta de escrever quase diariamente para o blog. Bom, eu estava pensando cá com meus botões sobre panteão, sobre divindades e sobre a fé para os cenários de RPG. Existem várias versões sobre este tema, muitos cenários, muitos deuses, muitas considerações, mas como sempre, vamos falar de D&D e trazer uma alternativa aos jogos.

Geralmente, o panteão varia de acordo com o cenário, trazendo divindades que se encaixam perfeitamente às características da história. Muitos deles não são bem explicados, outros vêm redondinhos, mas isso também depende do que se espera do jogo.

O D&D, 3ª e 3.5ª edições trazem um panteão baseado no cenário oficial adotado pelo sistema, onde 19 deuses são mostrados sem muita profundidade, colocados ali para explicar a existência dos clérigos nas campanhas. Claro, que posteriormente, livros que aprofundam nesta temática vieram explicar com maiores detalhes as divindades, suas histórias e seus comportamentos. Confesso que o panteão adotado para o D&D é bem bacana, mas não é meu favorito.

Um amigo meu, Drack, e seus irmãos, desenvolveram [e ainda desenvolvem] um panteão muito bacana, com divindades complexas e atuantes no cenário. Outro grande destaque é o panteão do cenário de Tormenta. Eu acho incrível o que aqueles caras desenvolveram seus personagens, clérigos, divindades e suas características [eles fizeram um ótimo trabalho].

Uma coisa que reparei nas considerações do D&D é a questão de nivelar os deuses. Colocar níveis para personagens que tem um status superior a qualquer criatura mortal. Isso foi feito para permitir aos personagens chegarem a níveis tão altos que seu poder seria além de qualquer sonho mortal, transformando o personagem em uma divindade. Bacana, mas meio estranho. Limitar uma divindade a um nível, condicionar seu poder e classificá-la com perícias, talentos e atributos tira um pouco da beleza de ser um deus.

Tudo bem, devemos dar a chance aos personagens de conseguir chegar ao nível onde a mortalidade é insignificante. Mas poucos jogam até atingir nível 40? 50? Nestes níveis seriam possíveis afirmativas como: “existem coisas maiores que os deuses”. Será?

Derrotar um deus não quer dizer tomar seu lugar ou ser mais poderoso que ele. Na mitologia grega, Hércules vence Hera durante toda sua vida, mas seria incapaz de matá-la, de subjugá-la ou tomar seu lugar.

Em meu cenário [e é a partir daqui que começam minhas dicas], a divindade tem um status absoluto, incontestável, imutável e constante. Senão não mereceria este título, claro! Não existe condição maior que o divino. Todo poder, magia, sobrenatural, natural, destino, ou o que mais se imaginar, vem e vai rumo aos deuses e somente ocorre por ação deles.

Isso quer dizer que os deuses não possuem nível? Sim, os deuses não podem ser medidos por níveis, nem por talentos, perícias, atributos. As divindades estão acima da ficha, do livro e dos jogadores. O panteão é uma representação dos que criaram as coisas, o mundo e as criaturas. Alguém com tal poder não pode ser destruído ou aniquilado, nem por seus iguais.

Formação de Panteão

Os deuses são os criadores, os contempladores e os provedores do mundo, responsáveis por tudo que a natureza traz. Normalmente, têm tendências diferentes, interesses particulares e preferências. O mestre, o grupo ou o desenvolvedor do cenário deve estar ciente que os deuses podem entrar em atrito, mas suas batalhas são catastróficas, então, suas ações devem ser muito bem planejadas.

Poder dos deuses

Por incrível que pareça, os deuses não têm poderes. Na verdade têm, mas são somente dois: o primeiro, claro, a imortalidade verdadeira, não é possível matar um deus, nenhum deles; o segundo, a Vontade, superior a qualquer magia descrita no sistema. Um deus tem o poder de fazer o que quiser, sem testes, sem resistências, sem falhas. É esta capacidade que o torna invencível e indestrutível.

Mas, se um deus pode fazer o que quer, porque não tomam conta do mundo? Ou subjugam seus “irmãos”?

Simples, porque um panteão, normalmente, tem vários deuses. Se a Vontade é um poder infinito, uma Vontade é derrotada por duas, ou três, então, se um deus se levanta contra o panteão, terá sua Vontade cancelada pela Vontade dos outros. Dessa maneira, os deuses, mesmo rivais, vivem em uma constante “Guerra Fria”, apostando em seus súditos para satisfazer suas ambições de vitória na terra. Essa sim, não pode ser influenciada.

Trazer suas batalhas para a terra implica em uma disputa indireta, baseada em seguidores. O poder dos deuses se reflete em sua capacidade de atrair seguidores. Se os deuses chegarem ao ponto de se enfrentarem diretamente acontecerá uma mudança de Era.

Tipos de divindades

Existem três tipos de divindades: as Divindades Maiores; as Divindades Menores e; os Semi-deuses.

Divindades Maiores: são deuses que surgiram no início de tudo, na criação, ou antes. Sua maior característica é existir independentemente do mundo e seu maior poder é a Vontade, ou seja, a capacidade de fazer o que quiser.

Estes deuses podem ser definidos por tendências, por interesses ou por atuações, como “O deus dos Monstros”; “A deusa da Magia”; “O deus da Morte”. Considero uma coisa mais simples [explicado melhor lá embaixo], as divindades maiores têm interesses mais singelos, genéricos e amplos, como o trabalho, a criação, a vida, a morte, o progresso.

As tendências das divindades maiores geralmente margeiam a neutralidade, com pequenas variações: Neutro bom, Leal Neutro, e assim por diante, e poucas, poucas mesmo, tem as duas tendências variadas. Isso marcaria um panteão muito dividido, em constante briga e, conseqüentemente, muito instável.

Divindades Menores: são divindades criadas pelas divindades maiores, com tarefas específicas, ligadas a grandes coisas do mundo. Geralmente com funções muito específicas. Atribuições próprias e poder gigantesco. Além da imortalidade, a divindade menor também tem o poder da Vontade, mas esta Vontade é Limitada. Para explicar melhor: uma divindade menor possui o poder da Vontade Restrita [como a magia Desejo e Desejo Restrito], limitada pela Vontade das Divindades Maiores, ou seja, nenhuma divindade menor pode contradizer a Vontade de uma divindade maior. Outra característica é que a vontade de uma divindade não contraria sua tendência.

Divindades Menores estão ligadas a coisas mais próximas aos seres vivos. Forças da natureza, como o sol, a lua, a noite, o vento, o mar, a terra, as emoções, como o ódio, a alegria, a inveja, todos estes seriam divindades menores. Imortais em constante contato com todas as criaturas, vivas, não vivas, deste ou de outros planos.

Semi-deuses: são criaturas, entidades, seres ou consciências que surgiram ou adquiriram status divino por algum motivo. Podem ser filhos de deuses menores, de deuses maiores, entidades que conseguiram tantos seguidores, que a fé de todos elevou sua condição de mortal a divino. Os semi-deuses podem ser personalidades, pessoas, anseios, arautos, avatares, ou qualquer outro tipo de criatura semelhante. Sua única característica é ser imortal enquanto estiver com este status (semi-deus).

Como assim? Um semi-deus pode deixar de ser semi-deus? Pode! Uma divindade maior ou menor tem poder para isso. A fé das pessoas também pode tirar esta condição.

Seguidores

Os seguidores das divindades são os clérigos, que deverão escolher seguir uma divindade maior ou uma menor. Não são aceitos clérigos que não sigam nenhuma divindade, devendo escolher ao menos seguir um semi-deus.

Clérigos de divindades maiores
Benefícios: recebem 3 domínios, ao invés de 2 como acontece normalmente.
Pré-requisitos: ter tendência idêntica à do deus e fazer um voto (uma condição que deverá seguir).

O voto é uma promessa feita no momento da aceitação de sua condição clérigo [sim, clérigo é uma condição]. Deve estar relacionada à personalidade da divindade ou ao trabalho realizado pelo clero. Alguns exemplos: só falar a verdade; castidade; jejum; pobreza; heroísmo; e por aí vai.

[no meu cenário, paladino é uma condição, assim como o clérigo, funciona como uma classe de prestígio, e somente clérigos ou pessoas de muita fé podem se tornar paladinos]

Clérigos de divindades menores
Benefícios: recebem 1 domínio, ao invés de 2 como acontece normalmente.
Pré-requisitos: a tendência do clérigo não pode variar mais que “um passo” da tendência da divindade, mas não precisa ser idêntica. Por exemplo: a divindade menor Sol tem tendência Neutro-Bom; um seguidor do Sol pode ser Leal Bom, Caótico Bom, ou Neutro Neutro. Nunca é possível seguir uma divindade possuindo tendência oposta.

Clérigos de semi-deuses
Benefícios: não recebem nenhum domínio, mas não se condicionam totalmente à tendência da divindade.
Pré-requisitos: a tendência do clérigo não pode ser totalmente oposta à do semi-deus. Se uma das tendências for oposta, a outra deverá ser idêntica. Exemplo: a Morte, semi-deus [meu cenário] Leal e Mal; seus seguidores, clérigos poderão ser de tendência: leal neutro, leal mal, leal bom, neutro, neutro mal, caótico mal.

Jogadores como deuses no seu Panteão

Imagino que a melhor maneira disso ocorrer é o personagem do jogador receber a dádiva da condição de Divindade deverá, por merecimento, se tornar um semi-deus, depois, pela fé que o povo tiver nele, se tornar uma Divindade Menor, e, se continuar cativando a fé poderá se tornar, um dia, uma Divindade Maior.

Um bom exemplo disso aconteceu em um dos meus jogos. Um mago, necromante, muito poderoso, estava combatendo as forças divinas durante uma mudança de Era do cenário. Juntamente com seu amigo guerreiro. Ambos estavam em níveis épicos e seus poderes eram infinitamente superiores se comparados às possibilidades de pessoas comuns. Mas, o guerreiro, por mais poderoso que fosse estava velho, lançado à idade e sua velhice o levou durante uma batalha. O mago, que já havia enganado a morte uma vez, viu que a batalha da terra contra o Panteão era inútil e, como era o mago mais poderoso do mundo, gastou suas magias mais altas e foi à presença do Deus da Morte. Sua conversa foi breve, o destino de todos já havia sido traçado e suas súplicas não seriam ouvidas. O mago então pediu que se o mundo fosse sofrer com a mudança da Era, ele queria ajudar, pois era melhor que uma mão amiga punisse do que deixar as pessoas à mercê da impiedosa Morte. Zaleu [divindade da morte no meu cenário], então, disse a ele que se ele enfrentasse e vencesse a Morte, ele seria seu novo Arauto, o novo Espírito da Morte. E ele venceu, não em poder, mas em merecimento, e se tornou um semi-deus, responsável por colher as almas dos moribundos e levá-las ao seu destino de pós-morte.

De qualquer maneira, tenha cuidado se for dar enfoque ao setor religioso do cenário. Lembre-se que o conceito fé pode mudar de pessoa para pessoa e o mestre deve ser muito claro em suas intenções para prevenir mal entendidos.



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Comentários

  1. Não sei se tem muita vantagem seguir semi-deuses não, não sei se daria pra fazer uma aventura legal com um personagem seguindo um semi-deus. Quem sabe se colocar uma vantagem pra quem for seguidor de divindades mesmo não sendo clérigos?

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  2. Se o jogador visa poder, seguir um semi-deus seria andar na contra-mão, seguir uma divindade maior traria muito mais vantagens, mas, um semi-deus estaria muito mais presente e influente no cenário do que outros tipos de divindade, então, talvez, ele teria maiores vantagens interpretativas, ou conseguiria maiores retornos no fim. É difícil ser mais claro, porque um mestre poderia trazer benefícios muito interessantes dependendo dos objetivos da história.

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  3. Olá. Eu sou Cochise César e já tentei fazer isso uma vez e não deu certo, mas pode ser que agora dê.

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    A ideia é que ele divulgue seus posts relevantes para a comunidade através desse site. Assim, o melhor conteúdo da blogosfera é indexado aqui.
    Não publicamos aqui matérias completas, apenas chamadas, então o leitor interessado tem que ir ao blog de origem da matéria para lê-la por inteiro.
    Nesse negócio ganha o leitor ganha por ter acesso a um conteúdo filtrado e o autor ganha por aumentar suas visitas e visibilidade

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  4. Pow é sempre interessante falar do panteão de um sistema. Há sempre um facínio por essas criaturas.

    Acho q dá pra colocar níveis num Deus. Mas a ficha deve ser extremamente bem trabalhada e muito provavelemente nem o mestre saberia usar o "poder" na hora certa ou pensaria como um deus. Oq ele faria ou como agiria ?

    Acho q dá pra derrotar um Deus em casos específicos (derrota por outros Deuses ou por um Deus maior ou por uma arma-especial-feita-para-matar-akele-deus, etc...)Da mesma maneira que dá pra "trazer" esse deus de volta a vida.

    Uma maneira legal de lidar com um panteão falível de cair é deixar um deus original (feito de uma fonte de energia inicial e básica de todas as coisas)por traz desses titãs, sempre oculto.

    Acho q dá pra ser um seguidor de um semi-deus. De onde vc acha q os capangas que vc matou antes de enfrentar ele vieram ?

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  5. @Cochise.. vou analisar sim a possibilidade de contribuir com seu agregador, esmpre iniciativas de divulgação são bem vindas.

    @Valmont.. Lassombra, era mais ou menos aquilo mesmo; seguir semi-divindades contribuem com menos poderes, mas, em compensação, ela estará mais presente, ajudando ou inspirando os seguidores.

    Sistemas de Panteão existem aos montes, e não estou falando de regras, às vezes você pode adotar um modelo inspirado nas mitologias e religiões existentes: mitologia grega ou romana (com deuses falíveis e presentes, podendo ser enfrentados e vencidos); mitologia Tolkeana (com divindades absolutas e afastadas do cenário); ou semelhantes a atuais, como islamismo, cristianismo, hinduismo, e tantas outras existentes no mundo.

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