O que eu preciso fazer para ser um bom jogador?




Já foi dito neste blog que existem pessoas que são exemplares jogando, mas não mestrando, ou pessoas incríveis mestrando, mas não jogando e, em alguns casos, existem aqueles que são muito bons jogando e mestrando [vejam que eu não citei os casos onde o sujeito é ruim jogando e mestrando também].

Como eu já coloquei aqui o manual “O que eu preciso para ser um bom mestre?” chegou a vez de iluminarmos os caminhos daqueles que tentam, tentam e tentam [já disse que tentam!?] trilhar o caminho dos bons jogadores e não conseguem isso de maneira satisfatória.

O que eu preciso para jogar bem?

Antes de começar, devo avisar que isso pode variar muito de mesa para mesa, história para história, grupos, mestres, dia da semana ou qualquer outro fator que influencia um jogo. Mas, mesmo assim, lá vai:

Não chegue atrasado

Normalmente atrasos acontecem. Muitas pessoas vivem em cidades maiores, com grandes distâncias para vencer somente para jogar. Muitos vão de ônibus, carro, a pé, cavalo, sei lá. Mas tudo isso tem um limite... Instituir uma política do atraso acaba atrapalhando muito o jogo, uma vez que o grupo se atrasa na história para que o jogador atrasado se atualize dos acontecimentos e o jogador que chegou fora do horário fica perdido em meio aos acontecimentos do jogo.

Vá se quiser ir

Se não quiser ir, não vá... Parece brincadeira, mas tem gente que vai jogar sem ter a mínima disposição para isso. Quem não está querendo jogo tira a atenção do grupo e passa a maior parte do tempo procurando outra coisa para fazer: ver TV, brincar no celular, conversar com outros jogadores, etc, etc.

Entre no Jogo

Sim amigo rpgísta, é difícil, mas entrar no clima significa estar ciente da proposta do jogo e participar de maneira integral da narrativa. Talvez este seja o maior desafio para um jogador, porque para estar “dentro” do jogo, o camarada tem que estar ciente de sua ficha, de seu personagem, de suas motivações, do cenário, do enredo, e de tudo que acontece “in game”. Evite fugir do jogo, evite distrações, evite comentários que não sejam relevantes à história e procure manter a ordem na mesa [não estou dizendo para todos se transformarem em um bando de autômatos, mas exageros estragam o jogo].

Cooperar é legal

Uma mesa de RPG é uma comunidade, todos se reúnem e desenvolvem uma atividade periódica que demanda cuidados e necessita de trabalho para que dê certo. Jogar RPG não é só sentar em uma cadeira e ficar mexendo com papeis. Existe o lanche, a bagunça, a desorganização e depois a necessidade de reorganizar o espaço. É ai que os jogadores devem cooperar. Dividir funções sempre é vantajoso para todos: quem traz o lanche? Quem traz o refrigerante ou suco? Quem organiza as fichas? Quem cuida dos livros? Dos dados? Quem ajuda a limpar depois?

Se existem dois ou três membros em um grupo fica fácil cuidar desta logística, mas imagine um jogador que possui jogos em 3 mesas, somando um total de 11 jogadores? Organização e cooperação são fundamentais.

Trabalhe em equipe

[Hei, você não falou para cooperar ali no tópico de cima?] Falei sim, mas aquilo lá era fora do jogo. O trabalho em equipe entre os personagens é importantíssimo para que a história prossiga de maneira mais fácil e divertida. Divergências sem sentido, implicações infundadas ou rixas pessoais só estragam o clima e, consequentemente, a história.

Pensar – Agir, nesta ordem, novamente, Pensar – Agir, 1 – 2

Um personagem é uma pessoa, em um cenário criado, um lugar que possui sua própria lógica e fundamentação, portanto, agir como alguém totalmente inconseqüente e ilógico é muito perigoso. Nos mundos dos jogos de RPG, os jogadores são pessoas extraordinárias que enfrentam perigos e situações mortais para pessoas comuns. Não saber se portar ou não se preparar pode significar a perda do personagem.

Cale a Boca!

Não fique provocando discussões paralelas que não tem relação com o jogo. Isso atrapalha jogadores interessados e o mestre.

Não seja o jogador, seja o personagem

Se você está interpretando, imagine como o personagem agiria nas situações impostas pelo mestre. Não faça o que você quer, mas o que planejou para a sua criação, o PJ. Se você quer agir como você mesmo, crie um personagem que seja idêntico a você e ai não existirão mais problemas.

Seja o jogador ao invés do personagem

Algumas situações de jogo podem parecer estranhas. O mestre narra parte dos acontecimentos e nem tudo se torna conhecido pelos jogadores. Neste momento é importante que o jogador saiba dosar suas ansiedades e tenha confiança na história. Saber que todos os acontecimentos singulares fazem parte de algo maior é primordial para o sucesso do jogo. Seja tranqüilo, paciente e se não estiver se divertindo, converse com o mestre e o grupo em momento propício.

Não trapaceie

Quer roubar? Se torne um Mestre!

Não torne o jogo algo pessoal

Jogos simulam conflitos, brigas, disputas, batalhas, combates, inimizades e muitas situações de confronto, mas isso é no jogo, fora do jogo o mundo é outro e a conduta deverá ser outra. Separe bem o que acontece “in game” e o “out game”. Tente não permitir que um influencie no outro.

Converse

Isso mesmo... puxe papo com o mestre, jogadores, companheiros, amigos de outras mesas e discuta sobre jogos, sistemas, sensações, tudo relacionado aos jogos. Se tiver uma grande satisfação com a aventura, divida isso com os outros; se estiver desmotivado, partilhe seus motivos e tente melhorar o jogo, as narrativas.

Agora, se você tentou de tudo, inclusive esta lista, e ainda não conseguiu ser um bom jogador, alegre-se, pois jogadores ruins também têm serventia:

1.    Fornecem diversão aos outros jogadores;
2.    Trazem mais emoção às narrativas, fazendo justamente o que não podia ser feito;
3.    São ótimos para liderar missões suicidas;
4.    Podem servir de ferramenta para jogadores e mestres mais experientes;
5.    Encaram tudo como novidade; e assim fazem a alegria do mestre;
6.    Jogadores ruins freiam jogadores experientes; muitos jogadores experientes já conhecem os macetes dos jogos, então, situações que seriam surpreendentes passam a ser corriqueiras e “sem emoção” para pessoas que já viram de tudo; um jogador ruim atrai a atenção do jogador experiente e faz com que eles não se preocupem somente com a sobrevivência de seu personagem somente, mas também com o PJ do jogador “não tão bom”;
7.    São ótimas iscas.




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Comentários

  1. Bom post, mas faltou uma coisa... Fornecer feedback para o mestre, acho isso muito importante, pois as vezes uma aventura estremamente emocionante, divertida, rica em detalhes e monstros unicos pode ser divertida para o mestre mais nao para o jogador.

    E isso atrapalha e muito o desempenho dele, se não gostou de alguma coisa ou se o mestre esta seguindo por caminhos que você e seu grupo nao gostam, peça um tempo e diga para ele. Se ele já tiver lido o artigo "O que eu preciso para ser um bom mestre" ele vai saber improvisar e fazer as coisas certas.

    Abraços

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  2. Sempre tem aquele jogador que é o turno extra dos outros.

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